Mundo tem de reduzir emissões para metade até 2050.

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Posted by Renascença | Posted on 17:05

Se a meta em Copenhaga é chegar a um acordo global sobre o combate às alterações climáticas, podemos dizer que a primeira semana de negociações serviu para projectar a estrada que pode levar até esse fim. O problema está agora em saber que material os líderes mundiais vão escolher para pavimentar o caminho, e se terá qualidade suficiente para levar o “carro” até ao destino…
O mesmo é dizer que a partir desta sexta-feira ficaram lançadas algumas das bases principais para que os líderes possam trabalhar um acordo politico na segunda e decisiva semana da cimeira. A proposta do principal responsável do grupo negocial da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas aponta para uma redução global das emissões de gases poluentes no mínimo de 50 por cento até 2050. O texto, com 7 páginas no total, prevê ainda metas mais ambiciosas, que podem chegar aos 95 por cento, caso os países estejam dispostos a esse compromisso. Mas há uma outra proposta até 2020, e que vincula apenas os países mais desenvolvidos, que ratificaram o protocolo de Quioto. Para estes, o corte de emissões deveria ser de 25 a 45 por cento no prazo de 10 anos, isto tendo como referência os valores que se verificavam no ano de 1990.




Para quem não esteja dentro das negociações pode parecer apenas mais uma sucessões de números, percentagens e metas vagas. Mas para Nuno Lacasta, o principal negociador português em Copenhaga, os projectos em cima da mesa têm toda a importância. “Às vezes parecem trabalhos de formiguinha”, afirma, “mas o que se tem conseguido fazer é fundamental para se chegar a um acordo politico na próxima semana. O que nós já temos neste momento é o essencial dos elementos que permitem aos negociadores, aos ministros e aos lideres preparar o acordo de Copenhaga. Temos já decisões técnicas e propostas de decisões politicas que podem ser consolidadas na próxima semana. Isto ao nível daquilo que nós chamamos o “triângulo de Copenhaga”: redução de emissões por parte dos países desenvolvidos, compromissos por parte dos países em desenvolvimento, e ainda o financiamento de acções nesses países em desenvolvimento. Tudo isso neste momento tem já propostas concretas em cima da mesa”.
Posto isto, as propostas vão agora ser analisadas nos próximos dias pelos negociadores. Mas parece difícil de quebrar o impasse entre os interesses dos países mais ricos e o que pretendem os países em desenvolvimento. Nuno Lacasta recorda que sem concessões de parte a parte nada será possível. “Costuma dizer-se que em termos de negociações internacionais, no final de um acordo ninguém se pode sentir plenamente satisfeito nem plenamente insatisfeito. Porque as partes têm de fazer cedências para obter um consenso. E é com esse espírito construtivo de flexibilidade, mas também de ambição, que a União Europeia vai continuar durante a segunda semana. Nós estamos a fazer muitos contactos e a construir pontes entre todos os países, em particular com os países em desenvolvimento”, garante.




 E se ninguém cedesse?

O balanço da primeira semana feito pelas organizações não-governamentais, nomeadamente pela Quercus, não é de todo positivo. Francisco Ferreira, que tem acompanhado o encontro em Copenhaga, afirma mesmo que, se as negociações terminassem já hoje, e tendo em conta as propostas que estão neste momento em cima da mesa, “o mundo correria o risco de sofrer um aumento de temperatura de 3,5 ºC até ao final do século. Esse cenário é inaceitável. A questão é saber se as propostas vão melhorar o suficiente para chegar aos 2ºC de aumento máximo referido pelos cientistas, ou a 1,5ºC, o que seria o ideal.”
De acordo com a associação ambientalista esta situação explica-se pelo facto dos países ricos estarem a fazer propostas muito longe do que seria necessário. No global, a proposta do corte de emissões dos países desenvolvidos oscila entre os 13% e os 19% até 2020. O problema é que, juntando outros factores, entre eles os créditos de emissão da floresta, essas propostas têm na prática um valor ainda menor. “Fazendo essas contas, chegamos a valores de esforço interno por parte dos países desenvolvidos que nos levam a uma redução de apenas 2%, ou até um aumento de 4 por cento face a 1990! Isto está muito longe dos 25% a 40% que os cientistas do painel intergovernamental têm vindo a apontar. Não está a ser feito o esforço suficiente que seria necessário efectuar”, conclui Francisco Ferreira.





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